segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Análise Crítica do Livro Iracema (de José de Alencar)

Análise Crítica


IRACEMA(de José de Alencar)
O romance conta, de forma poética, o amor quase impossível entre um branco, Martim Soares Neto , pela bela índia Iracema, a virgem dos lábios de mel e de cabelos mais negros que a asa da graúna e explica poeticamente as origens da terra natal do autor, o Ceará.
Ação
A ação inicia-se entre 1.603 e 1.604, e narra o episódio amoroso entre Martim e Iracema, esse relacionamento amoroso entre Iracema e Martim pode ser interpretado, simbolicamente, como metáfora, como alegoria representativa do cruzamento das raças indígena e branca, ou seja, o nativo e o europeu colonizador. O desenvolvimento do enredo - ruptura de Iracema com o compromisso de virgem vestal e com sua tribo, sua entrega amorosa, seu abandono e sua morte, deixando o filho Moacir, "aquele que nasce da dor", - todos esses elementos da trama narrativa confirmam a possibilidade de leitura simbólica. A própria construção do personagem Iracema é feita a partir da natureza, de comparações com elementos da fauna e da flora mais especificamente do Ceará.
A coerência e coesão presentes no desenrolar do enredo estão em perfeita concordância com os fatos narrados, possibilitando assim melhor entendimento do leitor.
O romance em discurso possui um único núcleo, porque a relação entre a jovem índia e o fidalgo português domina toda a obra.
Sedução
Enquanto esperavam a volta de Caiubi, Iracema se apaixona por Martim mas não pode se entregar a ele porque como afirma o pajé: “Se a virgem abandonou a flor de seu corpo,  ela morrerá. Uma noite Martim pede a Iracema o vinho de Tupã já que não está conseguindo resistir aos encantos da  virgem. O vinho que provoca alucinações permitirá que ele em sua imaginação possuísse a jovem índia como se fosse realidade. Iracema lhe dá a bebida e enquanto, ele imaginava estar sonhando Iracema torna-se sua esposa.
O Tempo
O encontro da natureza (Iracema) e da civilização(Martim) projeta-se na duplicidade da marcação temporal. Há em Iracema um tempo poético, marcado pelos ritmos da natureza e pela percepção sensorial de sua passagem (as estações ,a lua,o sol a brisa), e que predomina no corpo da narrativa, e um tempo histórico, cronológico, onde os fatos ocorrem em seu devido momento.



Personagens
  • Iracema: Índia da tribo dos tabajaras, filha de Araquém, velho pajé; era uma espécie de vestal (no sentido de ter a sua virgindade consagrada à divindade) por guardar o segredo de Jurema (bebida mágica utilizada nos rituais religiosos); anagrama de América."A virgem dos lábios de mel.(personagem redonda ou esférica)
  • Martim: Guerreiro branco, amigo dos pitiguaras, habitantes do litoral, adversários dos tabajaras; os pitiguaras lhe deram o nome de Coatiabo.(personagem redonda ou esférica)
  • Moacir: Filho de Iracema e Martim, o primeiro brasileiro miscigenado.(personagem plana)
  • Poti: Herói dos pitiguaras, amigo (que se considerava irmão) de Martim.(personagem plana)
  • Irapuã: Chefe dos guerreiros tabajaras; apaixonado por Iracema.(personagem plana)
  • Caubi: Índio tabajara, irmão de Iracema.(personagem plana)
  • Jacaúna: Chefe dos guerreiros pitiguaras, irmão de Poti.(personagem plana)
  • Araquém: Pajé da tribo Tabajara. Pai de Iracema e Caubi.(personagem plana)
  • Batuirité: o avô de Poti, o qual denomina Martim Gavião Branco, fazendo, antes de morrer, a profecia da destruição de seu povo pelos brancos.(personagem plana)
Foco Narrativo
A obra é escrita em terceira pessoa, temos um narrador-observador, isto é, um narrador que caracteriza as personagens apenas a partir do que pode observar de seus sentimentos e de seu comportamento, como se percebe no trecho: "O sentimento que ele (Martim) pôs nos olhos e no rosto não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara." (Capítulo 2), especialmente no momento em que o narrador coloca em dúvida a reação emocional de Martim, flechado por Iracema. O narrador conta a história do ponto de vista de Iracema, isto é, do índio, privilegiando os seus sentimentos e não os de Martim, que representa o branco colonizador. Mas o narrador  está longe de se manter neutro e um mero observador, demonstra os adjetivos reveladores de admiração principalmente em referência a natureza brasileira e a Iracema.
Romance
O romance em discurso é um romance fechado, pois o romancista coloca todos os pingos nos”ii”, é tudo bem claro, as personagens morrem com o romance.

Fonte:Livro: Iracema de José de Alencar

6 comentários:

  1. Ótima analise, nos faz ter vontade de ler a obra. O autor privilegia a história de tribos indigenas e acaba mostrando uma realidade que ja exisitiu em nosso país.

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  2. Muito bem estruturada a sua análise, mostrando todas as minúcias da obra e despertando a curiosidade de novos leitores.

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  3. Ótima analise, nos faz ter vontade de ler a obra. O autor privilegia a história de tribos indigenas e acaba mostrando uma realidade que ja exisitiu em nosso país.

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  4. Ótima analise, nos faz ter vontade de ler a obra. O autor privilegia a história de tribos indigenas e acaba mostrando uma realidade que ja exisitiu em nosso país.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. esperava a volta de Caubi de onde?

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